quarta-feira, 14 de março de 2012

Comentário da Lição da Escola Sabatina - Pr. Clodoaldo Tavares dos Santos



DEUS COMO ARTISTA 
 Sábado 17 de março de 2012





“Uma coisa peço ao SENHOR, e a buscarei: que eu possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a beleza do SENHOR e meditar no seu templo”. Salmo 27:4.


            O homem sempre buscou representar por meio da arte, a realidade em que vive. O sobrenatural ou um ser superior sempre fez parte do inconsciente humano. Ao longo do tempo, a humanidade vem tentando retratar este ser superior através de expressões artísticas. Por exemplo, a arquitetura de templos, pirâmides, esculturas, túmulos, vasos, etc.
            Das pirâmides do Egito, passando pelos templos românicos dos séculos 11 e 12 e abadias góticas do século 16, chegando até aos templos multiservice modernos, verifica-se que a arte humana busca de alguma forma retratar a beleza e elementos da Divindade. Logicamente que os exageros humanos evidenciaram que Deus estava certo ao estabelecer princípios que visavam notificar aos adoradores estes perigos. Pois o homem poderia dar mais atenção à representação do que ao Representado. Entretanto, apesar dos grupos humanos tentarem corporificar o Divino, o próprio Deus integra a cultura artística do povo, Se apresentando nas diversas formas artísticas humanas.

Domingo, 11 de março
Deus como Oleiro

            O escritor bíblico apresenta numa linguagem humana a imagem de um oleiro para descrever o papel restauracional de Deus. Esta comparação, logicamente não consegue retratar na dimensão exata e ontológica a Deus. É bom ressaltar que o oleiro apenas dar forma ao barro, enquanto que de Deus recebemos tanto a matéria como a forma.
            Deus dá forma ao ser humano em diversos aspectos:
a)      Aspecto social – Ao estabelecer os discípulos como “pescadores de homens” (Mateus 4:19)Deus estava demonstrando o real interesse da existência da cristandade;
b)      Aspecto Moral – ver Salmo 51:10
c)      Aspecto Espiritual – ver salmo 51:11 e 12, Apocalipse 22:17

Deus tem o poder para criar, como também o de recriar o que se havia destruído. Nós somos como barro em Suas mãos (Isaias 64:8). Pergunto: Ele não tem sobre nós o mesmo poder que o oleiro tem sobre o barro? E não somos obrigados a nos submeter, assim como o barro, ao conhecimento e à vontade do oleiro?
O Oleiro, não o barro, está no comando. E lembra-se: só Deus sabe mexer com barro.


Segunda, 12 de março
Deus como Arquiteto

            Arquitetura é antes de mais nada construção, mas, construção concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço para determinada finalidade e visando a determinada intenção.

Tudo o que Deus faz sempre tem um propósito. O Senhor cuida de detalhes. A arte sempre é detalhista, e muitas vezes o detalhe faz a diferença.
       Na obra de Vitrúvio, definem-se quatro os elementos fundamentais da arquitetura: a firmitas (que se refere à estabilidade, ao carácter construtivo da arquitetura/resistência), a utilitas (que originalmente se refere à comodidade e ao longo da história foi associada à função e ao utilitarismo), a venustas (associada à beleza e à apreciação estética) e o decorum (associado à dignidade da arquitetura, à necessidade de rejeição dos elementos supérfluos e ao respeito das tradições/ordens arquitetônicas).
Atualmente, o mais antigo tratado arquitetônico de que se tem notícia, e que propõe uma definição de arquitetura, é o do arquiteto romano Marco Vitrúvio PoliãoDesta forma, e segundo este ponto de vista, uma construção passa a ser chamada de arquitetura quando, além de ser firme e bem estruturada (firmitas), possuir uma função (utilitas), respeitar as ordem clássicas (decorum) e for, principalmente, bela (venustas). Há que se notar que Vitrúvio contextualizava o conceito de beleza segundo os conceitos clássicos. Portanto, a venustas foi, ao longo da história, um dos elementos mais polémicos das várias definições da arquitetura.
No entanto a Bíblia nos apresenta o pai da arquitetura, o professor de todos os arquitetos. Vejamos os exemplos:
            Santuário Portátil – Deus deu orientações precisas de como deveria ser o santuário terrestre, apresentado um modelo que já existia no Céu (Êxodo 25:9 e Hebreus 8:1-5)
Arca de Noé - arca original: três andares, 135 metros de comprimento e 22,5 metros de largura. Em Gênesis 6, Deus revelou a Noé as dimensões da arca de 42 milhões de litros cúbicos que ele deveria construir. Em 1609 em Hoor na Holanda, um navio foi construído de acordo com essas medidas (30:5:3), revolucionando a construção de navios. Por volta do ano 1900 todos os grandes navios nos oceanos tinham aproximadamente a mesmas proporções da arca (confirmado pelo “Registro de Navio de Lloyd” no Almanaque Mundial).
Templo de Jerusalém – Ver I Crônicas 28:19.
Nova Jerusalém – Ver Apocalipse 21:16 e 17.
Vivemos em um período da história onde se cumpre o que fora afirmado por Augusto Comte: “tudo é relativo, e isso é a única coisa absoluta”, isso até mesmo nas verdades já estabelecidas pela sociedade, agora imagine o seguinte, que espaço terá os detalhes absolutos em um mundo de relativos?
Não nos esqueçamos, Deus é o arquiteto da vida e do mundo.

Terça, 13 de março
Deus como Músico

            A música faz parte do universo divino. Deus compartilhou com a raça humana o privilégio de poder ouvir melodiosas músicas, isto através da natureza, como também das vozes e instrumentos musicais humanos.
            O músico Deus estava tão preocupado com a musicalidade humana, que em todos os períodos e ambientes, Ele proporcionou a música para seus filhos.

1-      No Céu
“A música faz parte do culto de Deus, nas cortes celestiais, e devemos esforçar-nos, em nossos cânticos de louvor, por nos aproximar tanto quanto possível da harmonia dos coros celestiais”. EGW, Patriarcas e Profetas, 594

2-      No Éden
“Os anjos associaram-se a Adão e Eva em santos acordes de harmoniosa música, e como seus cânticos ressoassem cheios de alegria pelo Éden. EGW, História da Redenção, 31

3-      Período na terra posterior à queda do homem
“A música deve possuir beleza, poder e faculdade de comover. Ergam-se as vozes em cânticos de louvor e adoração. Que haja auxílio, se possível, de instrumentos musicais, e a gloriosa harmonia suba a Deus em oferta aceitável”. EGW, Evangelismo, 505

4-      Quando chegarmos ao Céu
“Então os justos receberão sua recompensa. Sua vida correrá paralela à vida de Jeová.                Lançarão suas coroas aos pés do Redentor, tangerão as harpas de ouro e encherão todo o Céu de bela música”. EGW, Conselho Sobre regime Alimentar, 350.


            Segundo Allan P. MERRIAM, em seu livro The anthropology of music, a música tem função de:

1.      Expressão emocional: refere-se à função da música como uma expressão da liberação dos sentimentos, liberação das idéias reveladas ou não reveladas na fala das pessoas;
2.      Prazer estético: inclui a estética tanto do ponto de vista do criador quanto do contemplador;
3.      Divertimento: para Merriam, essa função de entretenimento está em todas as sociedades;
4.      Comunicação: aqui se refere ao fato de a música comunicar algo, não é certo para quem essa comunicação é dirigida, ou como, ou o quê. Para Merriam a música não é uma linguagem universal, mas, sim, moldada nos termos da cultura da qual ela faz parte;
5.      Representação: há pouca dúvida de que a música funciona em todas as sociedades como símbolo de representação de outras coisas, idéias e comportamentos sempre presentes na música;
6.      Reação física: Merriam apresenta essa função da música com alguma hesitação, pois, para ele, é questionável se a resposta física pode ou deve ser listada no que é essencialmente um grupo de funções sociais;
7.      Impor conformidade às normas sociais: músicas de controle social têm uma parte importante num grande número de culturas, tanto por advertência direta aos sujeitos indesejáveis da sociedade quanto pelo estabelecimento indireto do que é ser considerado um sujeito desejável na sociedade;
8.      Validação das instituições sociais e dos rituais religiosos: enquanto a música é usada em situações sociais e religiosas, há pouca infor- mação para indicar a extensão que tende a validar essas instituições e rituais;
9.      Contribuição para a continuidade e estabilidade da cultura: segundo Merriam, se a música permite expressão emocional, ela fornece um prazer estético, diverte, comunica, obtém respostas físicas, conduz conformidade às normas sociais, valida instituições sociais e ritos religiosos, e é claro que também contribui para a continuidade e estabilidade da cultura;
10.  Contribuição para a integração da sociedade.


Deus conhecedor de todas as coisas e principalmente do ser humano, proporcionou-nos uma forma de adorá-Lo onde estaríamos expressando sentimentos como: gratidão, amor, compromisso, etc. Estaríamos também dando identidade ao grupo de indivíduos que fazemos parte, compartilhando e fortalecendo nossos princípios de conduta, entre outros.

“Acabando Salomão de orar, "desceu o fogo do Céu, e consumiu o holocausto e os sacrifícios". Os sacerdotes não podiam entrar no templo, porque "a glória do Senhor encheu a casa do Senhor. E todos os filhos de Israel, vendo descer o fogo, e a glória do Senhor sobre a casa, encurvaram-se com o rosto em terra sobre o pavimento, e adoraram e louvaram ao Senhor; porque é bom, porque a Sua benignidade dura para sempre". EGW, Profetas e Reis, 45.

            A manifestação sobrenatural no dia da inauguração do templo de Salomão, demonstra que as orientações do grande Músico e Compositor do universo foram seguidas (ver II Crônicas 29:25).

            Sobre a finalidade da música Ellen White afirma o seguinte:
“Fazia-se com que a música servisse a um santo propósito, a fim de erguer os pensamentos àquilo que é puronobre e edificante, e despertar na alma devoção e gratidão para com Deus”. Patriarcas e Profetas, 594


           
Quarta, 14 de março
Deus como Autor

            A beleza literária da Bíblia a coloca como uma das mais completas e complexas composições da literatura humana. Há vários livros e partes de livros que foram escritos em forma de poesia. No Antigo Testamento a poesia hebraica se expressa de uma forma especial chamada de paralelismo. No Novo Testamento temos a poesia nos cânticos de Maria (Lucas 21:46-56) e de Zacarias (Lucas 1:67-80), poemas de adoração de Paulo e cântico apocalíptico de João.
            Além do Apóstolo Paulo que dá uma pausa em seu discurso teológico e adora a Deus através das seguintes palavras:
Ó profundidade da riqueza, tanto da sabedoria como do conhecimento de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus caminhos! Quem, pois, conheceu a mente do Senhor? Ou quem foi o seu conselheiro? Ou quem primeiro deu a ele para que lhe venha a ser restituído? Porque dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!” Romanos 11:33-36

O apóstolo João também assim o fez ao descrever o cântico de Moisés e o cântico do Cordeiro em meio a um texto histórico-apocalíptico:
“E entoavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro, dizendo: Grandes e admiráveis são as tuas obras, Senhor Deus, Todo-Poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações! Quem não temerá e não glorificará o teu nome, ó Senhor? Pois só tu és santo; por isso, todas as nações virão e adorarão diante de ti, porque os teus atos de justiça se fizeram manifestos”. Apocalipse 15:3-4

            O que não se pode esquecer é que como cremos na inspiração divina, a idéia da composição literária tão harmoniosa como encontramos na Bíblia, tem como o compositor (autor), Deus.

           

Quinta, 15 de março
Deus como Escultor

Na arte de esculpir vários materiais se prestam a esta arte, uns mais perenes como o bronze ou o mármore, outros mais fáceis de trabalhar, como a argila, a cera ou a madeira. Entretanto, o mais difícil de ser esculpido é o ser humano. Porque diferentemente de outros materiais que não precisam autorizar o escultor, para se esculpir um homem se faz necessário a autorização do mesmo.
Ao escolher algo para esculpir, o artista tenta dar forma a uma imagem idealizada. Em termos espirituais pode-se dizer que Deus está tentando esculpir o ser humano, pois Ele tem uma forma idealizada para todos nós.
A Bíblia nos apresenta um número grandioso de homens e mulheres que foram esculpidos por Deus. Alguns exemplos demonstram quão técnico e eficiente fora o Este Escultor. Exemplo:

Jacó que fora enganador, torna-se o enganado (ver Gênesis 32:22-30). No reino de Deus é melhor ser enganado do que levar este adjetivo consigo.
Davi corrupto, promíscuo e coração sanguinário (I Crônicas 22:8). Fora esculpido por Deus (Salmo 51:10) e o apóstolo Paulo defini quem ele era (Atos 13:22).
Pedro de hipócrita, negador e covarde (Mateus 26:58 / Lucas 22:54-62). O Escultor transformou em um dos poderosos apóstolos da igreja cristã.
Paulo de perseguidor foi esculpido se transformando então em perseguido. Homem de mente brilhante, determinado na proclamação das Escrituras. Mesmo diante de um dos mais sanguinários dos imperadores de Roma, não declinou de Jesus Cristo. Paulo foi obra de um grande Escultor.



Conclusão:

            Como oleiro, um Pai de amor
            Como arquiteto, o Pai dos detalhes
            Como músico, o Pai da mais linda canção
            Como autor, o Pai das palavras
            Como escultor, o Senhor da Vida esculpida e transformada

           
         
Pr. Clodoaldo Tavares dos Santos
Capelão do Colégio Adventista -  CACN – ABA - UNB



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